terça-feira, 6 de maio de 2014

Amanhã ou Nunca mais


  Eu precisei te ligar pra poder me desligar. Rasgar meu peito poucas horas depois de me casar com a realidade da tua falta. Fechar os olhos, virar de costas e te jogar pra cima e pra trás. E no dia seguinte, bem cedo, tive que sepultar as cinzas de esperança que tuas promessas vãs abandonaram em mim. Eu tive que perder o medo de perder na teoria o que eu já havia perdido na prática. Eu nem sei como meu coração e como minha mente conseguiram segurar teus restos por tanto tempo, ainda que em meio a dores infernais, nem de onde eu arranquei coragem pra poder tirá-los de uma vez por todas e sem anestesia - talvez do mesmo lugar que me forneceu covardia suficiente pra não te procurar ao longo de todo esse tempo durante o qual me contentei em apenas velar nossa estória: uma estória que, num coma inimaginável de saudade, jazia inerte no berço de uma brevidade que eu teimava em não querer abreviar.
   Era mesmo preciso ligar e depois desligar pra ver do medo nascer a cura. Pra poder entender que um dia o tempo há de soprar nos nossos ouvidos se realmente nos perdemos ou sequer no achamos, apesar de termos nos encontrado por noites a fio.. Ele ainda vai gritar bem alto se aquele espaço de tempo no qual subexistimos tinha a exata medida da nossa finitude, ou se ainda sobrou algum metro quadrado de infinito que nos caiba - amanhã ou nunca mais.

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