segunda-feira, 30 de julho de 2012

 

Quais são as cores e as coisas pra te prender?... ♫  (Cazuza) 

Eu me isento desta interrogação maldita. Quero muito que você fique, sabe? De verdade. Quero tanto, que não cabe em mim. E que depois de tão-bem-vinda, que deite na rede da varanda da minha existência e me peça pra te balançar até o sol apontar do lado de lá. Mas, quero que você mesmo tenha sua aquarela e suas algemas, que se pinte, que se prenda, que me poupe dessa arguição apelativa, desse empenho inútil de te manter, constantemente, em supostas rédeas firmes... Quero muito que você fique porque quer ficar, que me ame pelo simples fato de eu ser eu, por mais incolor que tudo possa parecer...

segunda-feira, 23 de julho de 2012


“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.”

sexta-feira, 20 de julho de 2012


Estranho. Mas me parece que esse meu eterno cambalear é o que me mantém de pé.. É como se viver no limite trouxesse muito mais força do que a própria fraqueza que a palavra denota... É como se a resistência dobrasse, a atenção aumentasse, e a vida em si não passasse de um grande e breve espetáculo circense, com um discreto detalhe: lá embaixo não tem rede...

E você me vem, daquele mesmo jeitinho sem jeito de sempre. Aquele jeito que eu amei de cara, de uma forma tão rara, aquele jeitinho-peça-complementar do quebra-cabeça que a minha vida há tempos tentava montar, sem êxito. Encaixe perfeito - isso nem você nem ninguém pode negar. Você me vem, e passeia sem cerimônia alguma pelo quintal da minha existência - que não deixa de ser uma extensão da sua também.

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Ultimamente, eu ando pensando de menos. Mas, continuo sentindo demais. Vivendo mais. E falando demais, também. É, eu falo demais, eu sei. Eu não devia, mais falo. Eu não tenho culpa se as coisas dentro de mim têm um ponto de ebulição muito baixo; não tenho culpa se tudo toma uma proporção ultra-maior do que é ou possa vir a ser. Não tenho culpa se a música faz tanto estrago aqui dentro, se meu coração não tem mais aquele poder de regenerar-se qual o rabo de uma lagartixa, se o meu rosto, vez em quando, fica pálido ou cianótico, se eu faltei as aulas de teatro no colégio, se eu só sei me representar... Não, eu não tenho culpa se a minha modalidade de perdão é diferente das demais, se eu insisto em não sofrer de amnésia, se eu perdi alguns medos pelo caminho, se eu só como porcaria e não engordo, se viver se tornou meu mais novo hobby... Se eu preciso atingir um limiar de saturação pra poder expulsar certas coisas da minha vida. Vou me levando assim. Sem culpas. Simplesmente, porque elas resolveram tirar férias do meu vocabulário. E estou a ponto de demiti-las...